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7 mai 2008 3 07 /05 /mai /2008 16:00

PENTEADOS FEMININOS DE ANGOLA

Patrício Batsîkama

No dia 18 de Junho de 2007 o programa brasileiro do JO passou a entrevista de Ruy Morais Castro, um taxista que pretendia que os penteados femininos angolanos contam as experiências sexuais… A ciência, ao que parece, diz o contrário:

 

Entre Muimuila ou melhor como gostaria de os chamar, entre os Nyaneka e Umbûndu, os penteados são designados por diversos termos: «penteados de raparigas pequenas» são chamados de oncikulu ou olumbundu ou seja oncilimba. Mas depois de passar pelos ritos de passagem, os seus penteados levam diversas designações: ondongo; para as raparigas crescidas, são: «ohundia», ou seja «omaphutia»; e para mulher casada, são chamados «omankonkha». Mas o termo genérico é «ocivindo».

 

Esta tão variada terminologia sobre os penteados femininos angolanos explica, pela sua semântica, o lugar da mulher na «beleza social». «Pentear» se diz «-kwaya» ou «-nyaela», mas quando as mulheres se penteiam, disse-se «liswamuna». «Kwaya» e supõe uma intervenção sobre «mulher» para perfazer, filtrar em termo de conhecimento talvez seja por isso que «-nyaela» signifique «superabundar, estender…». Ou seja mulher é tida como «objecto da perfeição» no seu interior (sua educação) cujo exterior, ilustrado pelos penteados, completa o sentido do «catarse», isto é a «purificação».

 

«Liswamuna»: honrar-se, reverenciar-se, venerar-se. Essa tradução é relativamente defeituosa, porque na verdade, significa «pentear-se honrando para ser reverenciado porque símbolo da lei respeitada». Isto está relacionado com a «pente», oncikwayo, mas preferimos o seu sinónimo «opendu». Ocipendu é uma agulha ou exactamente «a pena de vitela», enquanto «opendu» é conjunto de agulhas. O verbo «-openda» supõe «um caminho já traçado» e que nele, todos devem passar por ele. A pente (opendo) sendo o instrumento com qual se traça o caminho, salientemos que o facto de ser um conjunto dos «ocipendu» esclarece tudo. A «vitela» é um dos animais da realeza, razão pela qual «opendu» podendo significar «Constituição respeitada», estereotipa na «mulher penteada» a Beleza Social.

 

Falar dos «penteados femininos em Angola» pode ser uma tese de doutoramento. Para esse espaço tão resumido, alvitramos limitarmo-nos nos Nyaneka e Umbûndu. Aliás essa instituição é relativamente similar entre os Côkwe, sendo entre os Kimbundu e Kôngo em etapas relativamente evoluídas. Há em Nyaneka-Umbûndu um termo sinónimo, «sañula», que significa: pentear, mas sobretudo «nivelar, aplanar»; «espalhar, estender-se, alargar-se»; «contrariar as vozes harmoniosas, cadenciar, ritmar, misturar»; «tirar capim ou a telha de uma casa»; «incitar alguém a fazer algo mas seguindo as normas traçadas»; etc. Em Kimbûndu/Kikôngo «sañula» passou a ser «samuna /sanula» com todos esses sentidos supracitados.

 

Para o Angolano, a «Beleza Social» está em primeiro ponto: estar em harmonia com os seus Ancestrais é primordial; respeitar as leis traçadas por estes, exigir que todos seguem o caminho certo traçado por eles e melhorá-lo quando for possível para o bem-estar dos vindouros, etc. Isto é a Beleza Social e está «resumida» no significado dos penteados femininos em Angola, aliás não é por acaso que são tidas como sociedades de sistema de matriarca.

 

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